Cinegrafista da Band morre em tiroteio

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Um confronto entre traficantes e policiais na comunidade de Antares, na zona oeste do Rio de Janeiro, na madrugada do dia 6, resultou na morte do cinegrafista Gelson Domingos, da TV Bandeirantes. Ele foi atingido no peito por um tiro e já chegou morto à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Santa Cruz, às 7h40 de domingo.

Além do cinegrafista da Band, outros quatro homens morreram durante o tiroteio e seis foram presos. Segundo a nota oficial da PM, o objetivo da operação em Antares, que reuniu cem policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e o Batalhão de Choque, “era checar informações da área de Inteligência de que líderes do tráfico fortemente armados se reuniam no local”.

Profissão perigosa
O assassinato de Gelson Domingos deve reacender o debate sobre a perigosa profissão das equipes jornalísticas na cobertura da violência urbana. A direção do Grupo Bandeirantes emitiu nota lacônica sobre a morte – “o repórter cinematográfico foi atingido no peito em pleno exercício de sua profissão” -, evitando entrar no mérito sobre as causas do trágico episódio.

Já o Sindicato dos Jornalistas do Rio de Janeiro responsabilizou a Band pela tragédia. Em entrevista à Agência Brasil, a presidenta da entidade, Suzana Blass, afirmou que a morte do cinegrafista “foi uma tragédia anunciada”. Ela informou ainda que o sindicato deverá recorrer à Justiça para obrigar a empresa de comunicação a amparar a família de Gelson Domingos.

A busca insana por audiência
Para Suzana, na busca por audiência, as empresas colocam em risco a vida dos funcionários. “O colete é uma maquiagem. Ele não oferece segurança ao profissional porque não protege contra tiros de fuzil, arma mais usada pelos bandidos e a polícia no Rio. E as emissoras só dão o colete porque a convenção coletiva estabeleceu que o equipamento é obrigatório nas coberturas de risco”.

O sindicato já propôs às empresas a criação de uma comissão de segurança para acompanhar o trabalho jornalístico em situações de risco, mas que a proposta não foi aceita. “Sabemos que as condições oferecidas são precárias, mas as empresas alegam que a comissão seria uma ingerência no trabalho delas e que iriam sugerir outro formato, mas até agora nada ofereceram”.

Precarização e insegurança no trabalho
“Também já pedimos que as empresas fizessem um seguro diferenciado para as coberturas de risco, mas elas responderam que já protegem seus funcionários e classificaram a proposta do sindicato como uma interferência em seu trabalho”, acrescenta Suzana. Ela ainda aponta que as empresas contratam operadores de câmera externa para exercer a função de repórter cinematográfico, porque os salários são menores, o que acarreta prejuízos no resultado do trabalho.

Gelson Domingos tinha 46 anos. No ano passado, ele e o repórter Paulo Garritano ganharam menção honrosa na 32ª edição do Prêmio Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos, na categoria TV Documentário, com a série sobre pistolagem no Nordeste, exibida no programa Caminhos da Reportagem, na TV Brasil.

Publicado no Blog do Miro

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