Sindicato promoveu aula pública sobre parcerias público/privadas na educação

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Encontro foi ministrado pela mestra em educação Priscilla Rodrigues e contou com a presença de servidores da área

 

Na manhã do último sábado (2) o projeto “Educação em Debate”, iniciativa do Sindicato dos Servidores Municipais, realizou mais um encontro. Dessa vez docentes e profissionais da área se reuniram para uma aula pública sobre parcerias público/privadas na educação, ministrada pela professora Priscilla Rodrigues.

“O Sindicato tem procurado trazer os temas pertinentes à educação, reunimos os professores da rede para abrir o diálogo, levantar discussões e achar os melhores caminhos para solucionar os problemas que nós estamos enfrentando atualmente”, afirmou Cristiane Gonçalves, coordenadora da Seccional da Educação do Sindicato.

Mestra em educação, Priscilla focou o conteúdo da explanação nas parcerias e privatizações, dando destaque também às alianças que a prefeitura de Ribeirão Preto tem tentado estabelecer nesse sentido. “O foco foram as parcerias que a Secretaria Municipal da Educação tem buscado e como esses projetos se encaixam em nosso contexto educacional”, disse a convidada.

matéria_5Mestra em educação, Priscilla Rodrigues falou sobre parcerias público/privadas para servidores da educação (Foto: SSM)

Bandeira levantada pelo Sindicato há muitos anos, a gestão democrática da educação tem sido tema cada vez mais debatida, uma vez que promove melhorias não só para o servidor, mas para toda a comunidade escolar. “É importante que tenhamos um projeto claro do modelo educacional que a cidade irá seguir. Na nossa compreensão, a educação de Ribeirão Preto deve ser uma educação pública de qualidade, laica e para todos”, ressaltou Donizeti Barbosa, vice-presidente do Sindicato e professor da rede municipal.

Com um trabalho voltado para políticas educacionais e gestão da educação, a professora destacou ainda os possíveis prejuízos que a privatização pode trazer tanto para a população, quanto para a cidade. “Os impactos de uma inserção como essa na educação são de diversas ordens, principalmente sobre quem escolhe o processo educativo, nas mãos de quem está a ideologia e a decisão do processo educacional”, explicou. “Até porque, quando você estabelece uma parceria você não tem o controle do que vai passar a figurar na educação, no chão da escola”, esclareceu Priscilla.

As discussões se deram também em torno de como as decisões do atual governo em nome da educação podem afetar a comunidade e a formação dentro das escolas do município, principalmente quando essas medidas chegam disfarçadas de parcerias. “No momento em que os professores não são consultados sobre as teorias que vão estar na escola, eles viram reféns dessas teorias que chegam de cima pra baixo”, disse. “Isso interfere no cidadão que vamos formar. Quando a gente tem a possibilidade de discutir isso na escola, a gente tem a definição do cidadão, do sujeito que eu quero na comunidade escolar. Indiretamente esse processo acaba sendo prejudicado”, alertou a professora.

matéria4_3Encontro colocou em debate prejuízos da privatização no setor da educação (Foto: SSM)

 

‘Professor delivery’

No encontro um dos temas que ganhou espaço durante a discussão foi o projeto do governo municipal que leva para rede de ensino o “professor horista”, que nada mais é do que um substituto. Apelidada de ‘professor delivery‘, a medida encabeçado pela secretária de educação, Suely Villela, propõe pagar docentes por aulas avulsas, sempre que faltarem profissionais na rede municipal de ensino.

“É um processo de desvalorização muito grande, temos a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), o estatuto do magistério garantindo os nossos direitos e um pequeno detalhe da lei pode jogar isso por terra”, argumentou Priscilla.

Para o governo a vantagem é ainda que esses professores não teriam vínculo algum com a administração. “Nós já temos uma lei em Ribeirão (L.C. 1340/02) que define a contratação de professores emergenciais para algumas circunstâncias. Esse é o máximo que nós podemos aceitar em nossa educação quando se trata de um professor não concursado, pois a própria constituição brasileira estabelece que a porta de entrada no serviço público é o concurso público”, explicou professor Donizeti.

matéria2_5Encontro reuniu docentes, servidores da educação e parte da diretoria do Sindicato (Foto: SSM)

A forma como a convocação desse substituto ocorreria é o que mais gera indignação: o chamamento do profissional se daria por meio de aplicativos, rede sociais ou mensagens de celular. Após o chamado, o professor teria 30 minutos para responder a solicitação e uma hora para chegar até a escola de destino.

“Nós sabemos que o professor concursado é uma pessoa mais preparada, que se capacitou devidamente e que não tem nenhuma dificuldade em, depois, enfrentar uma sala de aula. Alguém que entrou da forma correta no serviço público e luta por uma educação de qualidade, que prepare não só para o mercado de trabalho mas também para o exercício da cidadania”, destacou o vice-presidente.

Outro grande dilema trazido à luz com as discussões em torno do projeto do professor horista é a distância desse profissional com a realidade particular de cada escola, sala de aula e aluno. “Com medidas como essa nós perdemos o poder de mobilização, perdemos o poder formativo. Esse professor vai estar na escola um dia, esse professor não cria vínculo com a comunidade. Eu vejo o projeto como bastante prejudicial para a educação como um todo”, finalizou a professora.

Os encontros do projeto Educação em Debate seguem acontecendo uma vez por mês, aos sábados. Para sugerir temas ou um especialista para as próximas edições é preciso entrar em contato com a Seccional da Educação do Sindicato. Assista ao encontro!

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