Quando o UPA deixa de ser brincadeira de criança

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Por Noedivaldo Bernadino*

Quem nunca brincou com a vovó de ‘upa neném’? Uma doce brincadeira inocente que é capaz de proporcionar grandes gargalhadas. Era muito bom. Uma fase que jamais deveria deixar de existir. Porém hoje UPA é uma palavra séria, de compromisso e dever com a sociedade. É uma política de Saúde.
O Governo Federal pensando em criar um modelo de gestão pública na Saúde com inclusão, acessibilidade, integração e que fosse universal, planejou a construção de milhares Unidades de Pronto Atendimento, as UPAs, no país inteiro.
Cada cidade tem sua melhor forma de implantação desse sistema, levando em conta as características físicas, sociais e regionais, se for o caso. Aqui em Ribeirão Preto, temos um sistema que foi pioneiro na distribuição equânime do sistema de saúde, o que permite sermos pontuados no Ministério da Saúde como uma das cidades com desenvolvimento excelente em atendimento de saúde a nossa população.
Temos uma rede de atendimento de mais de 51 unidades para uma população de quase 600 mil habitantes. E mesmo com toda essa distribuição de unidades em referência a situação populacional ainda possuímos problemas considerados de grandes capitais.
Quando foi anunciada pelo governo a chegada de uma UPA em nossa cidade, vimos uma felicidade e uma preocupação sobre essa nova política. Primeiro quanto mais atendimento público à população melhor para nossa cidade, mas a construção de uma UPA num setor da cidade mais nobre deixou os especialistas e o Sindicato preocupados, pois a quem seria dirigido esse atendimento, tendo em vista a distância do lugar que não é central e a não existência de acesso público através do transporte coletivo.
Hoje a preocupação central talvez não seja o local e sim a forma de atendimento desse serviço, como sindicalista não posso e jamais poderemos admitir que a Secretaria da Saúde adote definitivamente a política de terceirização de serviços contrariando assim até a última Conferência Nacional de Saúde que deliberou o fim dos atendimentos terceirizados.
Terceirização na verdade é assumir em público a falta de capacidade de gerenciar a estrutura de saúde, passando para terceiros que não tem interesse público e sim financeiro a gestão. O antigo pronto socorro (UBDS Dr. João Baptista Quartin) tem sua gestão terceirizada e às vezes compartilhada, o que não possibilita dizer que os problemas de gestão terminaram, mas sim também aumentaram pela falta de conhecimento dessa área aos seus administradores.
Na última visita naquele local podemos constatar que a falta de segurança ainda é o maior problema, porém ficamos abismados com a possibilidade da nova unidade do UPA servir propositalmente para o fechamento de serviços na referida UBDS, segundo relato do seu gestor, lembrando que essa unidade está a 100 metros do terminal de ônibus.
Mas não para por ai, pior do que a diminuição de serviços e identificar subliminarmente que a UPA que era para dar qualidade no atendimento poderá ser totalmente terceirizada por outras ONGs ou até mesmo pela tal Fundação Santa Lidia que ainda não disse a que veio. Já temos experiência negativa com a terceirização do PS Central (UBDS Quartin) que não contribuiu em nada no atendimento de nossa população.
Estamos atentos a essa situação e não vamos abrir mão de trabalhar na UPA com servidores públicos concursados e com compromisso a essa cidade. Esperamos que a Saúde seja um bem de todos e não um bem de negócios financeiros.

* Diretor executivo da Seccional de Saúde

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