Governo municipal quer transformar a antiga Califórnia Brasileira em um novo Haiti

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Documento técnico de avaliação produzido pelo Sindicato dos Servidores Municipais de Ribeirão Preto, concluiu que a opção anunciada pelo governo municipal, com o Decreto Nº 002, publicado em 09 de janeiro de 2015, foi adotar um discurso fácil e superficial contra problemas difíceis e mais profundos. Segundo o Sindicato “a atual administração não fez nada para resgatar da informalidade cerca de 35% da população economicamente ativa da cidade. Mesmo com condições incomparáveis de sol, solo,  água, inteligência e mobilidade, Ribeirão Preto perdeu o potencial econômico proeminente de outrora. Sem visão e orientação, sem cautela e sem ousadia, o Governo partiu para o jogo de empurra contra os servidores”.

O que o Governo pretende, de fato – segundo avaliação do sindicato –  é gerenciar serviços públicos padronizados e precários. Ainda de acordo com o Sindicato, o Decreto Nº 002 revela que por ser incapaz de reconstruir o serviço público, seus quadros e suas práticas de gestão, a atual gestão prefere manter o seu conforto político em detrimento dos serviços prestados à população.

O presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de Ribeirão Preto, Wagner Rodrigues, disse, em entrevista, que Ribeirão Preto era a imagem de uma grande cidade rica, dinâmica, moderna – um modelo para o resto do país que chegou a ser chamada de Califórnia Brasileira. Mas, infelizmente, incapaz de construir um novo modelo de desenvolvimento municipal, baseado na ampliação de oportunidades, o Governo está transformando a antiga Califórnia Brasileira em um novo Haiti.

Nos últimos anos, o atual Governo virou as costas para a capacidade de trabalho, para a inteligência e a criatividade contidos em nossa cidade, pronta a despertar e a surpreender o mundo. Com um Governo que pensa e age pequeno, Ribeirão perdeu o seu atributo mais importante: nosso histórico dinamismo. O atual Governo empobreceu nossa cidade. Confira abaixo a entrevista do presidente do Sindicato Wagner Rodrigues.

Como o Sindicato recebeu a notícia da publicação do decreto?

Wagner – Primeiro que esse é um decreto muito pobre. Em sua grande maioria os cortes vão atingir apenas perfumaria como combustível, telefone, cafézinho e papel. Estes não são os problemas financeiros de Ribeirão. Aliás, o governo teria de ter vergonha de anunciar um pacote como este numa cidade com um orçamento bilionário como a nossa. Em segundo lugar, alguns dos cortes anunciados pelo governo vão atingir diretamente a população ribeirão-pretana. Como é possível numa cidade como Ribeirão, onde a saúde já trabalha no seu limite, dizer que horas extras serão cortadas. Já existe um déficit de funcionários muito grande e se horas extras são realizadas é porque existe a demanda. O governo deveria acrescentar no decreto um tópico impedindo as pessoas de ficarem doentes ou então a procura por atendimento com certeza não irá diminuir. As redes de esgoto e de água antigas da cidade são verdadeiras bombas prontas para explodir a qualquer momento. Como não vai pagar hora extra para os servidores do Daerp se um problema sério acontecer no final de semana? E na Educação onde professores têm de dobrar suas jornadas para não deixarem as crianças do município sem escolas e creches? Esse decreto é uma vergonha para a administração municipal.

O decreto vai resolver o problema financeiro do município?

Wagner – Absolutamente, não. Não adiante cortes supérfluos e cortes que prejudicam a população. O que o governo deveria fazer neste momento é algo que estamos cobrando há muito tempo; a demissão dos cargos comissionados sem vínculo. Na crise não se corta serviço público. Pelo contrário, se investe em serviço público para garantir a igualdade de atendimento a todos os cidadãos. Agora, na crise, se corta os sanguessugas do serviço público que ganham salários altíssimos e não oferecem nada para a população. São verdadeiros cabides de emprego que apenas atrapalham. Um dos primeiros itens da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) fala exatamente do corte dos cargos sem vínculo e isso o governo não fez e demonstra que não vai fazer.

O governo acertou em criar o Comitê Orçamentário Financeiro (COF)?

Wagner – Esse é um direito do governo. O que ele não se atentou é que ele criou um Comitê para fiscalizar ele próprio. O COF não vai fiscalizar os servidores, não vai fiscalizar a população. O que o COF vai fiscalizar é o que o governo está fazendo com as finanças do município, e nesse caso ele terá muito trabalho.

Ribeirão Preto está em crise financeira?

Wagner – Ribeirão vive uma crise seriíssima. É inegável este fato. O responsável por esta situação é o governo municipal. As autoridades responsáveis pela gestão da cidade tem imensa cumplicidade com a decadência econômica da nossa cidade.  O decreto publicado sela a incompetência administrativa deste governo. Há mais de um ano o Sindicato tem alertado a toda a sociedade de que Ribeirão estava às margens de uma crise gravíssima. Agora estamos atolados nela até o pescoço. O governo, covarde como ele é, tenta forjar culpados, quando na verdade a verdadeira culpa é dele próprio. Onde está o orçamento de Ribeirão que praticamente triplicou nos últimos anos? Os investimentos que observamos na cidade vêm de verbas federais, como a verba do Plano de Aceleração do Crescimento, o PAC. A verdade é uma só, o governo não está cumprindo com acordos firmados com os servidores, o governo não está pagando fornecedores, as contas do governo crescem a cada dia por erros administrativos, o governo não tem coragem de demitir os comissionados sem vínculo e a população está muito descontente com o governo. Se isso não é crise então eu não sei o que vivemos nos dias de hoje em Ribeirão.

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