Diretoria Atuante promove debate sobre o Golpe Militar de 1964

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A Diretoria Atuante, do Sindicato dos Servidores, promoveu no sábado, dia 5 de abril, um grande debate sobre o golpe militar de 1964, que resultou na tomada do poder pelos militares no Brasil. O encontro contou com a participação do professor e historiador Gilberto Abreu e de Áurea Moretti, enfermeira e, ex-militante das Forças Armadas de Libertação Nacional – FALN, que foi torturada pelos militares. O debate começou com um documentário do historiador e professor da USP, Boris Fausto, falando sobre o golpe que culminou com a tomada do poder pelos militares e a participação dos EUA no processo de tomada ao poder. 

O evento teve continuidade com as palestras dos convidados Gilberto Abreu e Áurea Moretti. 

“Foi muito importante falar desse tema no mês em que o golpe completa 50 anos. O professor Gilberto Abreu com todo o seu conhecimento e pela vivência da época enriqueceu demais o debate, assim como aconteceu com a Áurea, que sofreu na pele todas as barbaridades cometidas pelos militares durante a Ditadura. Foi tão bom que os participantes ficaram com muita vontade de falar mais sobre o assunto”, ressalta o presidente do Sindicato, Wagner Rodrigues. 

Após as palestras dos convidados, os participantes tiveram a oportunidade de fazer perguntas e explanações. Para Gilberto Abreu, esse momento de interação com o público foi de extrema importância para esclarecer e aprofundar os pontos abordados durante a palestra. “É muito importante iniciativas como essa do Sindicato, por que não devemos deixar toda essa história cair no esquecimento. Fiquei honrado pelo convite e impressionado com o entusiasmo do público que, a todo o momento, demonstrou muito interesse pelo tema”. Gilberto chegou a ficar preso durante o regime acusado de ser subversivo ao escrever uma música sobre a vida de camponeses, o professor passou 10 dias na prisão. “Não cheguei a sofrer agressões físicas, mas, hoje, 50 anos depois, ainda carrego e, acho que carregarei até a morte, as agressões psicológicas que sofri”. 

 Áurea Moretti, foi presa em 1969 em Ribeirão Preto quando era estudante de enfermagem. A sobrevivente do período que, manchou a imagem do país, deixou todos impressionados com histórias de horror vividas por ela. “Acordei no chão da cela com um deles me chutando. Comecei a ser arrastada pelo corredor cheio de policiais e levada escada acima. Eles eram muitos. Um deles começou a falar que era meu noivo, que ia casar comigo. De repente, os outros começaram a passar a mão em mim, no meu corpo, nos meus seios, coxas e começaram a cantar a marcha nupcial. Quando abriram a porta, tinham montado uma sala de tortura no quartel de Ribeirão Preto, com pau de arara, choque elétrico, e aquele monte de homens gritando, me batendo. O homem que disse que ia casar comigo rasgou a minha roupa. Me jogaram água, o bombeiro me amarrou na cadeira e começou a sessão de choque elétrico praticamente a noite inteira, e eu nua, apanhando. Eram choques nos seios, no ventre, na vagina, dentro do ouvido… Era um pesadelo”. 

 

Golpe Militar de 1964 

Golpe Militar de 1964 designa o conjunto de eventos ocorridos em 31 de março de 1964 no Brasil, que culminaram, no dia 1º de abril de 1964, com um golpe de Estado que encerrou o governo do presidente democraticamente eleito João Goulart, também conhecido como Jango. 

Jango havia sido democraticamente eleito vice-presidente pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) – na mesma eleição que conduziu Jânio da Silva Quadros, do Partido Trabalhista Nacional (PTN), à presidência, apoiado pela União Democrática Nacional (UDN). O golpe estabeleceu um regime autoritário e nacionalista, politicamente alinhado aos Estados Unidos, que acarretou profundas modificações na organização política do país, bem como na vida econômica e social. O regime militar durou até 1985, quando Tancredo Neves foi eleito, indiretamente, o primeiro presidente civil desde 1964. 

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