Valdir Avelino,
Presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de Ribeirão Preto,
Guatapará e Pradópolis
Desde o início da pandemia em Ribeirão Preto, o governo municipal, além de não compreender a gravidade da doença, sempre se mostrou sem um plano objetivo e efetivo para enfrentar a Covid-19. Hoje, depois de um curto período de queda parcial dos casos da doença, as taxas de contaminação e internação voltam a subir na cidade, no momento em que a variante delta, duplamente mais transmissível que a versão originária, é confirmada em nossa cidade.
Pandemia, novas variantes do vírus e falta de progresso na imunização. Num cenário assustador como este, qualquer governo, preparado, sério e disposto a proteger a saúde e a vida da população, teria o máximo de cuidado em promover improvisações no sistema público municipal de saúde. No entanto, com a vacinação atrasada e lenta, sem ação eficaz para conter os estragos da pandemia, sem planejamento para enfrentar a nova variante já detectada no município, o governo municipal anuncia que pretende fechar o Pronto-Socorro Central e transferir para a Fundação Santa Lydia toda a gestão da UBDS da Vila Virgínia.
Diante de tal desatino, o Sindicato dos Servidores Municipais já manifestou grande preocupação com as medidas pretendidas pela Administração. É evidente que a nossa cidade precisa mesmo de um centro de saúde mental com atendimento 24 horas, como pretende corretamente o governo. Mas essa necessidade não justifica acabar do dia para a noite com o Pronto-Socorro Central e promover o improviso na UBDS da Vila Virgínia.
Ambas as decisões anunciadas não foram precedidas de qualquer planejamento mais sólido e transparente. A intenção anunciada pelo governo, tenha ela sido motivada por um espírito impulsivo ou por sabe-se lá por quais considerações de caráter político, revela-se uma coleção de improvisos. Em meio a muitas dúvidas, há uma certeza: ao abandonar a crucial e necessária luta contra a pandemia para intervir na UBDS da Vila Virgínia e fechar o Pronto-Socorro Central sem um plano muito bem definido, o governo municipal parece contar com nada mais que a sorte.
Azar nosso, pois, resumidamente, o que o governo municipal pretende é diminuir a qualidade e a quantidade da oferta de serviços públicos de saúde, mesmo com o aumento da demanda provocada pela pandemia. Mais gente precisando de atendimento médico e menos servidores é o que o governo municipal propõe. Uma bomba programada para estourar no colo dos cidadãos.
O fato é que, de improviso em improviso, o governo vai tocando a saúde municipal na busca por soluções para problemas que talvez não tivesse de enfrentar caso fosse mais diligente em valorizar o serviço público municipal. Cada vez mais o atendimento à saúde da população é necessário e prontos-socorros não podem ser fechados, nem equipes podem ser sumariamente substituídas. A luta contra uma epidemia exige o Ponto-Socorro Central e a UBDS da Vila Virgínia mais bem equipados, com utensílios de proteção, remédios, pesquisas, testagens em massa e ajuda pública aos mais carentes.
Há necessidade do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do Ministério Público e das forças vivas da sociedade e do Sindicato dos Servidores Municipais barrarem esta insensatez e construírem – junto com o governo – uma resposta jurídica e socialmente mais correta para o grave problema da falta de um centro de saúde mental com atendimento 24 horas.