Marcha evidenciará luta histórica das mulheres negras

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Ocorreu  em Brasília, no último dia 5, mais uma reunião da equipe organizadora da Marcha das Mulheres Negras – contra o Racismo, a Violência e pelo Bem Viver. O encontro foi entre a coordenação nacional do evento, movimentos sociais e entidades parceiras, entre elas a CTB, para acertar os últimos detalhes da mobilização, marcada para o próximo dia 18, na capital federal. Foram discutidas questões de estrutura como alimentação, hospedagem, transporte, programação, para receber as manifestantes. Segundo a coordenação, a previsão é de que cerca de 20 mil mulheres marchem nesta grande manifestação política e social.

No mês da Consciência Negra, a Marcha vem com o desafio de promover o enfrentamento ao racismo, sexismo, a desigualdade social, em meio à conjuntura de crise que o Brasil atravessa e episódios, cada vez mais frequentes, de ataques racistas às mulheres, principalmente nas redes sociais.

“Estamos dizendo ao estado brasileiro que nós mulheres negras, que somos a base da pirâmide social, que estamos lá embaixo, não aceitamos mais ser discriminadas e estar fora da distribuição da riqueza deste País. A Marcha é declaratória. Vamos ler um documento dizendo à Nação que não aceitamos a discriminação. Queremos uma sociedade igualitária”, afirmou Regina Adami, membro da equipe coordenadora do evento.

Segundo a direção, a Marcha é constituída por 8 organizações do movimento negro nacional, mas a manifestação terá presenças, já confirmadas, de lideranças femininas negras dos EUA, África, América Latina e Caribe. A Diretora Executiva da ONU-Mulheres, Phumzile Mlambo-Ngcuka, da África do Sul, virá com uma delegação de africanas. Ministras da Rede de Mulheres da América Latina também marcharão com as brasileiras. São esperadas, ainda, as ativistas norte-americanas Ângela Davis (foto em manifestação, nos anos 70) e Bell Hooks, além de outras referências internacionais da luta pela igualdade racial e de gênero.

O Ginásio Nilson Nelson, localizado no Eixo Monumental da capital, servirá como alojamento para as manifestantes. A organização informou que estão previstas para o dia do ato uma sessão conjunta do Senado e Câmara Federal, em homenagem à Marcha, e uma audiência com a presidenta Dilma Rousseff.

A Marcha das Mulheres Negras pretende mobilizar catadoras de materiais recicláveis, quilombolas, trabalhadoras rurais, domésticas, entre outras mulheres, de todas as idades. De acordo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), as mulheres negras, segundo relatório Retrato das Desigualdades – Gênero e Raça, representam 23,4% da população brasileira, ou seja, mais de 41 milhões de mulheres.

Por apoiar e reconhecer a importância do evento a CTB está mobilizada em todo o território nacional com o objetivo de levar o maior número possível de trabalhadoras para marcharem em Brasília. A central contribui também com a logística da Marcha, a fim de fortalecer a luta do movimento.

 Para Mônica Custódio, Secretária de Igualdade Racial da CTB, “o objetivo deste grande ato é evidenciar a nossa luta, que sempre existiu, mas nunca foi vista ou reconhecida. Lutamos por visibilidade histórica, econômica e cultural. Mônica ressalta que o protesto é também contra a violência, o feminicídio, maior entre as mulheres negras, e o patriarcado, “que não representa a sociedade atual”.

 De Brasília, Ruth de Souza – Portal CTB

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