Câmara Municipal recebe palestra do Escola Sem Partido

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Na tarde de quinta-feira, 16, a Câmara Municipal de Ribeirão Preto abriu suas portas para uma palestra do procurador Miguel Nagib, idealizador do movimento conhecido como “Escola Sem Partido”, que prega a existência de uma escola pública neutra, na qual os professores se eximam de emitir e/ou discutir opiniões com seus alunos sobre temas relevantes do contexto escolar, como política, classes sociais, questão de gênero, sexualidade etc.

A palestra foi organizada pelo vereador Marco Antônio Di Bonifácio – Boni – da Rede Sustentabilidade. Em razão de o evento ser realizado em horário de trabalho, havia poucas pessoas no plenário da Câmara Municipal. Estavam presentes alguns vereadores, os membros da Comissão de Educação do Poder Legislativo, diretores do Sindicato e poucos professores da rede municipal de ensino.

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Por se tratar de uma palestra, não houve a possibilidade de um debate amplo com o palestrante, que discorreu à vontade sobre como pretende alcançar a suposta neutralidade dos professores, atacando os Parâmetros Curriculares Nacionais, os preceitos inscritos na Constituição Federal de 1988, a liberdade de cátedra e todos princípios inscritos na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9394/96, que norteia o trabalho dos professores de todo o Brasil.

“É preciso muito cuidado com iniciativas deste tipo, pois o Legislativo é a casa do povo e o povo brasileiro não aceita, há muito tempo, posturas nazistas travestidas de direito de opinião ou pluralismo de ideias. O palestrante atacou não só a ampla maioria dos professores brasileiros, como também a obra do ilustre professor Paulo Freire, cujo livro Pedagogia do Oprimido é o único a constar entre os cem mais lidos nas universidades de língua inglesa e que serviu e serve de referência educacional em diversos países de todo o mundo”, comenta Alexandre Pastova, vice-presidente do Sindicato.

O vereador Boni explicou aos representantes do SSM lá presentes que “gostaria de ouvir sobre um assunto que não conhecia e que isto seria importante num momento em que se discutirá e se aprovará o Plano Municipal de Educação – PME naquela casa de leis.

“O Sindicato entende que o projeto Escola Sem Partido traduz uma proposta educacional sectária, que privilegia a classe social dominante, impede o pluralismo de ideias no contexto escolar e não possibilita a formação cidadã, esteio do espírito educacional embutido na Constituição Federal de 1988. Por isso, o Sindicato trabalhará para ocupar o mesmo espaço na Câmara Municipal e trará uma referência nacional neste assunto para esclarecer todos os vereadores, a fim de que estes não queiram introduzir visões distorcidas no Plano Municipal de Educação, quando este vier a ser debatido e votado na Câmara Municipal”, esclarece o vice-presidente do sindicato, Prof. Donizeti Barbosa.

Os poucos professores presentes (em função do horário do evento) fizeram perguntas ao palestrante, sempre demonstrando descontentamento e contrariedade frente à visão explicitada na palestra.

Professores mostraram descontentamento

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Os professores presentes na palestra do idealizador do projeto Escola Sem Partido se mostraram insatisfeitos com a realização do evento e com o propósito do projeto. Foi o caso da professora de Educação Básica II, da escola municipal José Carlos Sobral e 1ª secretária do Conselho Municipal de Educação, Lilia Souza Octávio.

Mostraram uma distancia abismal da realidade das escolas de Ribeirão Preto. Será que sabem como está a merenda das escolas? Sobre o leite das crianças? Sobre a situação dos alunos com deficiência? Sobre as 4000 crianças sem creche? Sobre o desmonte da educação pública, da falta de funcionários, professore e da desmotivação dos que ainda estão nas redes de ensino públicas? Será que Ribeirão é mesmo contra o Escola Sem Partido? Nos chamaram de acéfalos, ofenderam o nome da nossa cidade, a nossa população que necessita da escola pública, que ainda acredita na educação como instrumento de transformação social, de construção coletiva, de espaço democrático pelo bem comum, pela modernidade e evolução histórica das novas consciências”, finaliza a professora.

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