Laerte Carlos Augusto – Presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de Ribeirão Preto, Guatapará e Pradópolis
Mesmo havendo um sistema público de saúde que cobre todo o território nacional, e está à disposição de qualquer cidadão, mais de 270 mil vidas já foram perdidas em pouco mais de um ano por conta da pandemia do Coronavírus. Em meio ao agravamento da doença, a estrutura pública e universal de acolhimento e atendimento do SUS (Sistema Único de Saúde) é a única carta que o Brasil tem em mãos no combate ao vírus. E a única esperança de num futuro próximo vacinar toda a população.
Mas se não fosse o Sistema Único de Saúde (SUS), a catástrofe que se abateu sobre o povo brasileiro seria ainda maior. Graças ao serviço público e os servidores públicos, na maioria das vezes sem o apoio e sem o reconhecimento dos governantes, estamos impedindo que a trajetória da pandemia no Brasil se revele ainda mais mortal e avassaladora.
Eu não tenho muito a acrescentar ao que já se fala sobre a Covid-19, doença que a própria ciência ainda tenta decifrar. Mas talvez tenha muito a falar sobre o SUS, seguramente uma das maiores conquistas da nossa sociedade nos 30 últimos anos.
Representando o Sindicato dos Servidores Municipais, participei ativamente durante vários anos no Conselho Municipal de Saúde. E por toda a minha experiência e participação, posso afirmar, sem medo de errar, que a grandeza do SUS vai além do papel central do sistema no socorro a esmagadora maioria dos infectados pelo coronavírus.
O SUS já era, na época anterior a pandemia, o único refúgio para 7 em cada 10 brasileiros que precisavam de cuidados médicos. Infelizmente o número de pessoas que dependerão do SUS após a pandemia deverá aumentar, em decorrência dos efeitos econômicos e sociais da passagem do coronavírus.
Dos países com mais de 200 milhões de habitantes, o Brasil é o único que conta com serviços gratuitos de forma universal. É importante que a sociedade perceba que sem o serviço público e sem os servidores públicos na área da saúde, teríamos um quadro ainda pior em razão da pandemia.
A própria incapacidade material e humana dos hospitais e serviços particulares de saúde em enfrentar os efeitos avassaladores desta nova doença realçam a essencialidade de um sistema de saúde público e universal. A limitação do sistema privado reforça o papel do serviço público e dos nossos servidores.
Imaginem num país como o Brasil, com suas desigualdades sociais e econômicas tão profundas, como estaria a vida do cidadão sem um sistema público e universal prestado por servidores públicos?
Se a importância do SUS atingiu as proporções que hoje tem – e alcançou o reconhecimento de toda a sociedade – foi graças, principalmente, à entrega diária dos servidores públicos da saúde. Em geral, os governantes não agiram para valorizar e fortalecer o SUS, ao contrário, com precarização de trabalho e terceirizações, fizeram (e fazem) de tudo para não colocar em prática os princípios da equidade, integralidade e universalidade na área da saúde.
O SUS é um sistema revolucionário na medida em que retirou a saúde da lógica do mercado, até então prevalente, e elevou tal serviço à categoria de direito fundamental. Que esse colossal serviço público e os servidores públicos nele inseridos nos ajudem a enfrentar o avanço assustador da pandemia.
Que o SUS nos ajude a vacinar a todos para retomarmos a vida como a conhecíamos antes da chegada da Covid. E que o SUS também desperte na sociedade a compreensão que o acesso a saúde, a educação, a infraestrutura, a segurança, a água, a cultura, a assistência social não são comercializáveis.