Quem será cúmplice da falta d’água, da tragédia ambiental e das contas absurdas?

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Valdir Avelino – presidente do Sindicato dos Servidores Municipais/RPGP

presidencia@municipais.org.br

Prepare-se: se o governo conseguir o apoio dos vereadores para mudar a lei orgânica do Município, e extinguir de vez o DAERP, vai faltar água na sua torneira por muito mais tempo e, mesmo assim, a conta virá ainda mais cara.

As consequências da transformação do DAERP em secretaria municipal são as piores possíveis, tanto para o Município, como para a nossa população. A iniciativa preocupante do governo agravará ainda mais as dificuldades do fornecimento de água potável à população, prejudicará a eficiência dos serviços e degradará a moralidade pública.

Se o DAERP for transformado em secretaria municipal, a autarquia perderá por completo a sua autonomia administrativa, financeira e gerencial. Sem autonomia, com os recursos financeiros e humanos sendo usados pelo governo por critérios políticos em outras áreas da Administração, o DAERP perderá de vez a capacidade de investir na manutenção e ampliação dos seus serviços. E quem perde junto é o povo!

A transformação do DAERP em secretaria municipal irá aumentar ainda mais o custo do serviço de abastecimento de água. A água vai sumir da torneira dos ribeirão-pretanos e, mesmo assim, a conta virá ainda mais cara. Isto porque a transformação do DAERP em secretaria municipal, com a perda da autonomia financeira, irá liquidar, por completo, a capacidade de se investir na manutenção, na expansão e na melhoria da rede, para evitar mais vazamentos e desperdícios.

Com a proposta do Governo, a água terá que ser buscada cada vez mais longe. Moradores dos bairros populosos da zona norte e oeste serão afetados imediatamente com a medida que se pretende implantar a toque de caixa. Bairros como o Ribeirão Verde, o Jardim Florestan Fernandes, o Jardim Diva Tarlá de Carvalho, o Jardim Antônio Palocci, o Jardim Pedra Branca, Condomínios próximos e Fazenda da Barra (Assentamento), correm o risco de, ainda nesta gestão, serem obrigados a matar a sede com a água do Rio Pardo.

Desde as eleições, há estudos no sentido de levar água do rio Pardo para a população dessas regiões e com a extinção do DAERP essa tragédia anunciada se tornará um fato.

As perdas físicas de água com o fim do DAERP não afetarão apenas os moradores da zona oeste e norte. O desperdício de água inevitável com a dispersão dos recursos do DAERP agravará ainda mais o problema ambiental, porque maior quantidade de água terá de ser usada para cobrir o déficit no fornecimento, o que afetará o nosso manancial de água limpa, prejudicando o meio ambiente como um todo.

Ribeirão cresce a cada dia, na maioria das vezes de forma desordenada, sem planejamento e efetivo apoio governamental. Em face desse crescimento populacional e do consumo crescente de água, é imperativo investir na proteção dos recursos hídricos, elevando a capacidade de “produção”, distribuição e armazenamento de água do DAERP.

Os problemas da Município são muito mais importantes do que os problemas do governo, que gasta muito, gasta injustamente e gasta mal. Demonstrando não ter a menor ideia da gravidade da situação do Aquífero Guarani, nosso principal manancial, o governo quer criar um enorme problema para todos os moradores da nossa cidade. É espantoso que, diante de um quadro que deveria inspirar extrema preocupação, o governo municipal haja com pouca (ou nenhuma) transparência ao tentar mudar a lei orgânica do município.

Diante de um problema tão grave, nossos vereadores têm o dever cívico e moral de proteger a lei orgânica do Município. Não cumpri-lo, para dar uma força ao governo, equivale a ser cúmplice das torneiras vazias, dos mananciais esgotados e do preço absurdo das futuras contas de água em Ribeirão Preto.

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