Muito mais que um acidente

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Segundo reportagem publicada no jornal Tribuna, na madru­gada do primeiro dia do ano, uma mãe e sua filha caíram com um carro em uma cratera, na Zona Oeste de Ribeirão Preto. A notícia que nos conforta é que, apesar da gravidade do acidente, as vítimas não ficaram feridas.

A má notícia é que não se trata de um acidente isolado. Sem investimento, sem valorização e sem a ampliação da infraestru­tura pública, a população de Ribeirão Preto vive, novamente, uma situação de caos. Enquanto o governo sucateia a infraes­trutura do município, deixando de investir no que é público, os buracos brotam dos remendos terceirizados em nossas ruas, feitos de qualquer jeito.

A verdade é uma só: a expansão populacional da cidade e o aumento da arrecadação pela Prefeitura não foram acompanha­dos por medidas administrativas voltadas para fortalecer a infra­estrutura pública. O investimento em infraestrutura só tem sido pensado de maneira terceirizada, privilegiando grupos privados, em detrimento do serviço público. A agenda de terceirizações – em todos os terrenos! – não contribui em nada para o desenvol­vimento econômico e sustentável da nossa cidade.

Não falta dinheiro para as terceirizações, mas faltam projetos de infraestrutura para o município. Existem em Ribeirão Preto buracos engolidores de carros e de pessoas porque o Governo Municipal deixou de promover a modernização e o fortaleci­mento da Secretaria Municipal da Infraestrutura. Tal investi­mento público – que deixou de ser feito – representava (e ainda representa) a medida fundamental para evitar o sucateamento de infraestrutura do município, um dos principais desafios de qualquer cidade que se denomina acolhedora.

O problema é que nossas ruas e avenidas obedecem, até hoje, às diretrizes antigas, o que precisa ser readequado para a nova realidade do número de veículos e de pessoas que trafegam por nossa cidade. A quantidade de carros nas ruas de Ribeirão Preto é muito maior que a capacidade projetada inicialmente para as mesmas. A malha asfáltica de Ribeirão Preto está, novamente, em situação precária. Trechos longos sem sinalização adequada, ruas e avenidas esburacadas e alagadas são pontos de grande perigo para motoristas e pedestres.

O sucateamento e a falta de investimentos na Secretaria Municipal da Infraestrutura produziram uma cidade esburaca­da. Algumas ruas e avenidas de Ribeirão Preto parecem pistas de teste para tanques de guerra ou tratores de esteira. Poucas estradas de terra nos municípios vizinhos, destas que cortam as fazendas, estão tão maltratadas quanto algumas de nossas prin­cipais ruas e avenidas. Não se tem notícia de que uma estrada de terra da região tenha engolido uma família com carro e tudo.

O que vemos, infelizmente, são sempre as mesmas medidas paliativas, terceirizadas, como tapa-buraco, que não resolvem absolutamente nada. E as chuvas não param. Não será um mero acidente se o asfalto terceirizado de Ribeirão Preto se abrir por inteiro e passar a engolir, sem muito esforço, automóveis e até os ônibus que passem ao seu alcance.

O investimento na infraestrutura pública reduz custos opera­cionais e otimiza tempo do próprio Município, da sociedade, das nossas indústrias e do comércio, transformando o processo mais eficiente, estimulando o crescimento da produtividade e econo­mia, aumentando a renda e empregos. Se o governo pretende, de fato, tirar a cidade do buraco, é preciso urgentemente fortalecer a infraestrutura pública, caminho para se investir na qualidade de vida, social e econômica da nossa cidade. Além de contribuir no tempo que a população gasta em transporte, a mobilidade urbana aumenta a segurança e a qualidade de vida de todos nós.

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