Sede estadual da União Brasileira de Mulheres realizou encontro em São Paulo no último final de semana
No último sábado (22), mulheres de inúmeros municípios do estado de São Paulo se reuniram na capital para o 10º Congresso Estadual da União Brasileira de Mulheres (UBM). Sob o tema “Em defesa da democracia: nenhum direito a menos!”, o encontro tratou pautas relevantes ao dia a dia da mulher e também as atuais medidas impostas pelo governo federal e como elas afetam toda a população.
Apoiador da regional Ribeirão Preto da UBM, o Sindicato dos Servidores Municipais de Ribeirão Preto, Guatapará e Pradópolis esteve presente no evento representado por colaboradoras e militantes da organização. “A UBM é um importante instrumento de luta e desde sua chegada a Ribeirão, em 2011, tem sido de extrema importância na luta sindical em nome dos direitos coletivos. Estamos vivendo um período de retrocessos e a união dos movimentos em nome da democracia faz o povo mais forte”, explicou Jacira Campelo, secretária geral do Sindicato.
O Congresso reuniu militantes e convidadas da UBM para discussões acerca do momento político e econômico de forma geral. A retirada de direitos trabalhistas e previdenciários que vem sendo imposta pelo atual governo também foi alvo das conversas. “As mulheres brasileiras sempre lutaram por seus direitos e nada veio de graça. Nosso encontro acontece num momento crucial da história do país, e vem para relembrar essa luta e buscar novas diretrizes para a continuação do que já vem sendo feito”, disse.
Com uma trajetória fortemente associada e reconhecida por sua luta em nome dos direitos sociais, a ex-deputada Ana Martins foi um dos nomes de peso a falar sobre a força feminina dentro da política. “Se nós queremos garantir direitos temos que ocupar os espaços de poder. É muito importante o papel que nós temos nesse momento do país e do mundo”, afirmou.
Defensora da luta da mulher por igualdade, Ana alerta ainda para a necessidade de organização na busca pela democracia. “Nosso papel é o de levar as mulheres à conscientização de suas qualidades e capacidades. Somos tão competentes e inteligentes quanto os homens. É preciso fazer nossa participação no atual cenário político crescer, mas para isso temos de organizar mais as mulheres, e investir em formação política e histórica”, ressaltou. E completou, “acima disto, precisamos de vontade política das mulheres”.
Outra convidada do Congresso foi a ativista e presidente estadual da UNEGRO (União de Negros pela Igualdade), Rosa Anacleto, que usou a bancada para relembrar sobre a força de voto da mulher e a situação das mulheres negras dentro do atual governo. ” É importante que nos mobilizemos contra esse governo e as reformas propostas, porque são medidas que dizimam as conquistas mínimas que o povo obteve até hoje. Precisamos resistir e lutar”, enfatizou.
Durante a programação do encontro, além dos espaços livres para a fala do público presente, o Congresso também promoveu cinco painéis temáticos. Foram eles: “O combate a violência contra as mulheres”; “As mulheres no mundo do trabalho”; ” Mulheres, participação política e controle social”; “Saúde das mulheres” e “Educação para emancipação”, todos conduzidos por importantes mulheres dentro do contexto de lutas e voltados ao esclarecimento e aprendizado das militantes.
Também marcou presença no encontro a deputada estadual e compositora Leci Brandão. Conhecida por suas ações a frente de movimentos ligados à igualdade racial, defesa da mulher e contra a intolerância religiosa, a parlamentar destacou em sua fala o caminho de aprendizado que tem trilhado desde sua entrada na política e a importância da mobilização diante as medidas propostas pelo atual governo.
“Todos os segmentos da sociedade tem que dar as mãos e enfrentar com garra, com foco, consciência e bravura essa gentalha que está no Congresso, porque eles sequestraram todos os nossos avanços e nossos direitos. Eles não querem que a gente nade de braçada naquilo que com suor conquistamos, querem que a gente se afogue, mas isso não vai acontecer porque o povo é mais forte”, declarou Leci.
Reforçando a mensagem deixada por Ana Martins, a deputada fez questão de lembrar que as mulheres devem ser orgulhosas da luta e história que construíram. “As mulheres da UBM lutam pela igualdade de direitos, respeitam todos os segmentos da sociedade e entendem que todas as pessoas merecem seu espaço e poder”, disse. “Precisamos nos unir e manter um olhar mais atento e de compaixão com todas as mulheres, brancas, negras, indígenas, idosas, a jovem estudante grávida, a mãe sofrida, aquelas que estão encarceradas. Estamos todas na mesma luta”, destacou.
Leci encerrou sua fala lembrando suas origens humildes e a força da mulher dentro da mudança política. “As mulheres têm vergonha na cara, que é uma coisa que quem está no Planalto não tem. Vocês podem, vocês são, vocês têm capacidade, vocês têm força e vão tirar esse Temer”, finalizou.
Nova coordenação
O Congresso serviu também como ponto de partida para a nova coordenação da UBM Ribeirão Preto. Giovana Wrubel deixa a frente do movimento na cidade e agora assume Shirley Viana, nome escolhido de forma unânime pela delegação enviada ao evento e aceito pela coordenadoria estadual da UBM.
Integrante do movimento há mais de um ano, a eleita já era parte do colegiado que dirige a entidade em Ribeirão. “Fico feliz com a nomeação e sinceramente conto com a colaboração de todas para juntas darmos novos rumos a UBM. Seguimos juntas e vamos a luta contra todos esses retrocessos que estão acontecendo em nosso país, onde nós mulheres seremos as principais prejudicadas”, agradeceu.
A UBM SP também realizou eleição e, após dez anos à frente da estadual, Rozina Conceição de Jesus deixa o cargo de presidente e entrega o posto a Mariana De Rossi Venturini. Também foram eleitas as 45 delegadas que representarão o estado de São Paulo no 10º Congresso Nacional da UBM, que acontece entre os dias 4 e 6 de agosto em Salvador (BA), dentre elas a nova coordenadora regional de Ribeirão Preto.