A situação denunciada pelo Sindicato na tarde desta quinta-feira, 04, no Saica – Serviço de Atendimento Institucional de Crianças e Adolescentes – é preocupante e pode colocar em risco a integridade de crianças e adolescentes atendidos nos abrigos. A falta de Educadores Sociais e Agentes Operacionais é o principal problema e tem impedido o Saica de cumprir seu objetivo no acolhimento e atendimento às necessidades de crianças e adolescentes que normalmente são vítimas de violência doméstica, física, sexual, psicológica, negligência e abandono.
Atualmente, o Saica dispõe de apenas 4 funcionários por turno para cuidarem de 52 crianças que estão abrigadas nesse momento. “É impossível para qualquer ser humano dar conta de atender tantas crianças”, revelou o Coordenador da Seccional da Semas do Sindicato – Israel Marchiori Junior. Ainda segundo ele, muitas sofrem com problemas mentais ou físicos o que requer ainda mais atenção dos educadores.
Falta também estrutura. “As vezes temos que colocar duas ou três crianças no mesmo berço porque não temos espaço e algumas atividades já não são mais desenvolvidas”, completou Israel.
Os poucos educadores que ainda restam no local acompanharam a visita do sindicato e confessam estar limitados devido a grande demanda de crianças. Segundo eles, a situação está insustentável e é preciso a contratação de novos funcionários o quanto antes para garantir os cuidados necessários com os abrigados.
O vice-presidente do Sindicato, Laerte Carlos Augusto, revela que ao longo dos anos muitos funcionários se aposentaram, outros mudaram de profissão e, apesar de existir um concurso aberto, o governo não faz a reposição e avalia como falta de gestão a crise no Saica. “Eles querem justificar o injustificado. É muita falta de gestão o que vemos aqui, se falta funcionários e temos um concurso aberto, por que a contratação não acontece?”, questionou Laerte.
Pressionados pelo Sindicato, representantes do governo estiveram no local e conversaram com a Diretoria Atuante. Uma reunião com a secretária de Assistência Social e com o secretário de Governo para cobrar providências urgentes deve acontecer na próxima semana.
O Presidente do Sindicato, Wagner Rodrigues, também comentou sobre a intervenção do sindicato e considerou a situação uma afronta aos direitos da criança e do adolescente. “Elas já estão em estado de vulnerabilidade e risco social quando chegam no Saica e deveriam encontrar nesse local temporário um ambiente saudável e familiar. O curioso é que eles são mandados por um Juiz da Vara da Infância e Juventude ou pelo próprio conselho Tutelar porque as famílias ou responsáveis estão impossibilitados de cumprir sua função de cuidado e proteção, mas o que vemos aqui é que a prefeitura também está sem condições de atender essas crianças. É impossível garantir direitos básicos com um número tão baixo de funcionários como constatamos”, disse o Presidente Wagner.