“A Administração é a arte de aplicar as leis sem lesar os interesses”, já dizia o escritor francês Honoré de Balzac. Isso é o que se aplica numa administração séria, correta.
Mas, em Ribeirão Preto, a situação é bem diferente. Na prefeitura tem-se aplicado uma administração altamente nociva aos interesses da população e dos servidores municipais. Pode ser considerada uma forma bem peculiar de administrar. O caso mais recente de gestão ineficiente em Ribeirão foi divulgado pelos órgãos de imprensa da cidade. Para “economizar” R$ 5 milhões, a empresa que presta serviço de portaria, e não recebe há meses, teve seu contrato de prestação de serviço rescindido e todos os porteiros de 117 CEIs e EMEIs serão cortados das escolas. Em nota a prefeitura disse que a população não sofrerá nenhum prejuízo.
“Se a população não terá prejuízo, quem terá? Os servidores? Ou ninguém será prejudicado? Se a resposta é a de que ninguém será prejudicado outra pergunta se torna bem pertinente; se o serviço era desnecessário, porque foi contratado? São perguntas e dúvidas que surgem com esta falta de gestão que toma conta da cidade. Alguém terá de ser colocado no lugar dessas pessoas, pois os alunos e pais terão que ser recepcionados por alguém. Será que vão contratar mais servidores para fazer a função?”, pergunta o diretor da Seccional da Educação, Geovani Martins.
Além da recepção
Além de cuidar da chegada dos alunos, os porteiros tinham uma função de manter a ordem e a segurança das CEIs e EMEIs. Com a retirada dos profissionais, os portões serão abertos sem que ninguém verifique quem está entrando na unidade escolar.
“O porteiro é que confirmava quem estava querendo entrar na escola e abria o portão. Agora um funcionário terá que fazer isso. Para executar a função, outro serviço será paralisado ou então o trabalhador terá que assumir o risco de autorizar a entrada de uma pessoa na escola sem que seja checado quem entrará no prédio, o que é um risco grande”, diz Geovani.
No ano passado mais de 20 escolas foram furtadas em Ribeirão Preto, sendo algumas delas várias vezes, como a A EMEI Drª Maria Helena Braga Monte Serrat, no bairro Monte Alegre, que foi alvo de ladrões 10 vezes em apenas 90 dias.
Pra que catracas?
As perguntas sobre a falta de gestão pública em Ribeirão Preto surgem com muita fluidez. Uma delas, e que deveria ser respondida pela Secretaria da Educação, é o porquê de encher as portarias das escolas com catracas? Os equipamentos foram instalados há um bom tempo e até agora não foram usados. Em tempos onde a humanização nos atendimentos é algo relevante, superlotam as entradas das escolas com equipamentos que mais atrapalham do que ajudam. Nas CEIs, os alunos passam por debaixo das catracas ou, em alguns casos, puxam a barra de alumínio do equipamento e soltam, sem perceber, em outras crianças que estão atrás, causando lesões. Quanto foi gasto para equipar as escolas com equipamentos inoperantes? Que vantagem o município e a população de Ribeirão tiveram com a instalação das catracas? São perguntas que aguardam urgentemente por respostas!