Mesmo após se passar mais de um ano, e a Justiça ter declarado judicialmente legal a greve de 12 dias dos servidores da Secretaria da Saúde pela implantação da jornada de trabalho de 30 horas semanais, o secretário da Saúde, Stênio Miranda, continua sua perseguição particular contra os trabalhadores que participaram do movimento. Com diversas sindicâncias abertas pelo secretário, os trabalhadores ainda hoje são obrigados a responder por fatos que não aconteceram e até mesmo pela incompetência do administrador da saúde no município. A coordenadora da Seccional da Saúde do Sindicato, Débora Alessandra, que é auxiliar de enfermagem, e também responde por sindicância, afirma que o processo investigatório deveria ter sido aberto, sim, mas contra o secretário da Saúde.
“O secretário Stênio Miranda é que deveria responder por sindicância, pois na época da greve, que foi considerada legal pela Justiça, ele se recusou a fazer a escala para respeitar os 30% dos atendimentos essenciais. Foram os próprios servidores que se organizaram, fizeram as escalas e mantiveram o atendimento nos serviços essenciais funcionando normalmente. O secretário foi omisso em suas funções, ele que deveria responder por sindicância e não os trabalhadores que lutaram por seus direitos. O secretário está se mostrando um verdadeiro ditador, pois mesmo com a Justiça ao nosso lado, pois a nossa manifestação foi considerada legítima, ele quer criar sua própria Justiça, como uma forma de coagir os trabalhadores. Não vamos aceitar esse tipo de conduta de um administrador”, resume Débora.
“As sindicâncias que foram abertas pelo secretário Stênio Miranda não têm nada a ver com o atendimento que foi fornecido à população de Ribeirão Preto. As sindicâncias foram abertas por causa da manifestação e do enterro simbólico que fizemos do secretário. Sabemos que aquilo o deixou muito irritado. Ele não suportou o fato de todos mostrarem seus descontentamentos com a forma em que a saúde ainda continua sendo gerida em nossa cidade em todos os canais de comunicação. A verdade é uma só, se o secretário estivesse preocupado com o atendimento à população, ele teria feito as escalas como a Justiça havia determinado. Pelo contrário, o Dr. Stênio estava torcendo para que alguma coisa de ruim acontecesse, porém, como agimos corretamente em nosso movimento e os pacientes não foram prejudicados, o secretário decidiu perseguir os funcionários através de sindicâncias por causa dos manifestos e do enterro que fizemos”, afirma Débora.
Greve dos Servidores
A greve dos servidores municipais da Saúde pela implantação da jornada de trabalho de 30 Horas semanais teve início na madrugada do dia 3 de fevereiro de 2014. Na ocasião, o governo municipal deixou de cumprir um acordo que havia sido firmado com o Sindicato e com os trabalhadores ao não dar início a nova jornada de trabalho. O movimento grevista tomou conta das UBSs e UBDSs da cidade. O governo tentou acabar com o movimento com uma liminar na Justiça contestando a legitimidade do direito a greve. Porém, a juíza da 2ª Vara da Fazenda Pública, Heloísa Martins Mimessi, indeferiu o pedido de liminar feito pela Prefeitura, dando legitimidade a greve dos trabalhadores. Nos dias seguintes, o movimento dos servidores se manteve forte. No 11º, pela manhã, os servidores realizam uma grande manifestação, com carro de som em frente à Secretaria da Saúde e, com cânticos de ordem, os trabalhadores e o Sindicato fazem o enterro simbólico do secretário Stênio Miranda. Em “cortejo”, os servidores vão até o Palácio Rio Branco, onde a manifestação continua e chama a atenção de todos os órgãos de imprensa da cidade bem como da população. Diante das manifestações, o governo, no 12º dia, envia uma proposta aos trabalhadores. Em assembleia a categoria aceita a oferta e a greve termina. Desde o dia 1º de julho de 2014 os trabalhadores realizam a jornada de trabalho de 30 horas semanais.