Valdir Avelino – presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de Ribeirão Preto, Guatapará e Pradópolis
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No próximo domingo, 19 de junho, comemoraremos o 166º aniversário de Ribeirão Preto. É um momento valioso para traçarmos um retrato, sem retoques, de nossas virtudes e carências. Devo muito a nossa cidade. Não sou ribeirão-pretano de origem, mas me tornei cidadão dessa maravilhosa cidade por opção própria e pelo título que recebi da Câmara Municipal. Não planejei a minha vinda, mas planejo nunca sair de Ribeirão Preto.
Ribeirão Preto representa o trabalho árduo de milhares e milhares de cidadãos para montar uma enorme infraestrutura compatível com a magnitude que a cidade tem hoje. Não sou daqueles que só focalizam problemas, alguns quase que inerentes a uma cidade tão grande, mas mesmo alegre e engajado nos festejos do aniversário, entendo que a construção de uma cidade moderna, justa, bonita, inclusiva e próspera, é uma luta que ainda não acabou. E a cada aniversário que comemoramos, percebo que mais à frente haverá sempre uma nova batalha decisiva.
Se todos queremos uma vida urbana, devemos também praticar a urbanidade. E não há urbanidade aonde não existe ambiente de plena civilidade e respeito à lei. E o Poder Público de uma cidade civilizada não pode ser exceção, como atualmente em muitos casos é. Governo que não respeita a Lei Orgânica do Município, que investe contra conselhos da sociedade, que descumpre acordos judiciais, que ignora legislações municipal e federal para impor prejuízos aos seus trabalhadores, não pode ser considerado em lugar algum do mundo um exemplo de urbanidade.
Faltam coisas demais para que nossa cidade possa ser tratada como um Município acolhedor, onde todos vivam de forma diferente, mas com igual dignidade. A crise econômica e social causada pela pandemia levou um número inédito de famílias a recorrerem aos serviços públicos, mas a gestão pública municipal não conseguiu dar uma resposta à altura. Todas as demandas para o poder público caíram nas costas dos servidores e empregados públicos municipais e, na maioria das vezes, por falta de valorização profissional e condições adequadas de trabalho, encontram inúmeras dificuldades para atender a população, mesmo em circunstâncias normais.
Estamos lidando, portanto, com uma gama gigantesca de problemas complexos, com variadas soluções e estratégias possíveis. Mas o planejamento de políticas públicas encontra-se estagnado, enquanto a pressão social aumenta. O governo tenta impor, na maioria das vezes com métodos reprováveis, o que entende como modernização dos serviços públicos, sem qualquer coordenação entre as áreas do próprio governo, sem qualquer diálogo com os servidores, sem qualquer consulta à sociedade, sem qualquer planejamento sobre eventuais ganhos de eficiência ou de eficácia.
O aumento da demanda por serviços públicos ainda traz uma série de desafios para o poder executivo municipal em suas variadas esferas, tornando ainda mais evidente a necessidade de fortalecimento e valorização das carreiras públicas. Isso exige decisão e vontade política, para que os serviços públicos municipais, como educação, saúde, segurança, fornecimento de água e esgoto, cultura, esporte, planejamento, fazenda, assistência social, infraestrutura, entre outros, disponham dos recursos necessários. A necessidade de um serviço público valorizado, amplo, eficiente e inclusivo deveria servir como estímulo para a reflexão e o reposicionamento da maioria dos atuais gestores neste 166º aniversário da nossa cidade.