Por uma Ribeirão mais limpa

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Valdir Avelino – presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de Ribeirão Preto, Guatapará e Pradópolis

presidencia@municipais.org.br

Ribeirão acaba de celebrar 166 anos e, buscando inspiração no estado de espírito das recentes comemorações, deveríamos aproveitar o momento para mobilizar amplamente os diversos atores da sociedade, com o objetivo de dar fim a uma indignidade que há longas décadas mantém o município aprisionado ao atraso: o déficit na limpeza urbana.

Em que pese os inúmeros planos publicados e as variadas leis municipais sancionadas a respeito do assunto, a coleta e a destinação do lixo urbano continuam sendo problemas bastante sérios e abrangentes para a nossa cidade.  Descartes e acumulo de lixo a céu aberto, existentes há décadas, ainda estão presentes em toda cidade, causando poluição ambiental e danos à saúde da nossa comunidade.

Nos próximos anos, espero que haja uma melhora quantitativa e qualitativa considerável na cobertura de coleta de lixo em Ribeirão Preto. O avanço anunciado, ainda que exista, continua bem menor do que o necessário. Basta um rápido giro pelas ruas e avenidas da nossa cidade para percebermos, com clareza, que há um contingente de famílias ribeirão-pretanas ainda não atendidas por serviços de coleta. Isso para não falar que o setor apresenta déficits consideráveis em relação à coleta seletiva, recuperação de materiais e disposição dos resíduos sólidos.

O volume de lixo e resíduos oriundos da construção civil, das atividades hospitalares, comerciais, agrícolas, industriais e domiciliares é crescente e encontra nos lixões e no acumulo irregular nas calçadas um ambiente propício para a disseminação de vetores de doenças como dengue, leishmaniose, leptospirose e esquistossomose. Isso sem falar que a disposição irregular de lixo pode estar causando a contaminação do nosso solo, dos cursos d’água e do próprio aquífero Guarani, que abastece a nossa cidade.

Uma área que considero particularmente preocupante, por sua alta periculosidade, é a dos resíduos dos serviços de saúde. As informações disponíveis são fragmentadas e formais a respeito deste serviço. Some-se ainda a falta de efetiva transparência, o pouco investimento público nesta área e a ausência de uma maior integração na gestão destes resíduos, o que por si só já motiva a nossa preocupação quanto a destinação ambientalmente adequada dos lixos, sobras e rejeitos hospitalares.

Somem-se também os déficits do serviço público na limpeza urbana, os baixos índices de conscientização da população a respeito dos prejuízos à saúde, ao bem-estar das pessoas e os danos econômicos que o descaso com o meio ambiente provoca. É preciso uma política pública efetiva em matéria de educação ambiental para que nas nossas escolas, nos bairros e condomínios, nas atividades comerciais e industriais se discuta de forma ampla e aprofundada a forma como lidamos com a natureza.

A crise global da Covid-19 intensificou a discussão sobre a importância, o uso e a credibilidade da ciência para apoiar decisões dos gestores públicos. Com base na experiência cientifica é possível discutirmos alternativas para que a destinação final do lixo urbano receba tratamento com soluções economicamente viáveis, de acordo com a legislação e as tecnologias atualmente disponíveis. Ao invés de apresentar “parcerias” que servem apenas para mascarar a captura dos serviços públicos por interesses particulares, o Município deveria trabalhar para construir uma eficiente cooperação entre o poder público e a iniciativa privada, em prol do bem comum, como ocorreu, e ocorre, em todos os países que conseguiram enfrentar e remover os desafios no caminho do desenvolvimento duradouro e sustentável.

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