Por Valdir Avelino – Presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de Ribeirão Preto, Guatapará e Pradópolis (presidencia@municipais.org.br)
Após a privatização e o desmonte da Eletrobras, o Brasil sofreu um apagão nacional, que atingiu, na manhã de terça-feira (15), 25 estados e o Distrito Federal. Com o apagão de energia elétrica, provocado pela privatização de um serviço que era público, o Brasil inteiro foi atingido por transtornos de grande e média proporções, com pessoas sem internet nos celulares, ruas e avenidas com semáforos desligados e milhares de brasileiros presos em elevadores. Só nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Espírito Santo e Mato Grosso do Sul, o Corpo de Bombeiros registrou 169 ocorrências de pessoas que ficaram presas em elevadores durante o apagão. Os quatro Estados foram os mais atingidos pela falta de energia elétrica.
Desde que o governo federal anterior anunciou a intenção de privatizar a Eletrobras, o movimento sindical tem denunciado os prejuízos da privatização aos cofres públicos, com uma venda que ocorreu bem abaixo do preço de mercado. A privatização não se resumiu a ataques contra direitos trabalhistas. Mais que isso: como em toda privatização, houve o mais completo desmonte de setores fundamentais para o bom funcionamento da distribuição de energia no país e do atendimento à população. A possibilidade de um apagão foi por diversas vezes previsto pelos trabalhadores que, inclusive, através das entidades sindicais representativas daquela categoria, enviaram inúmeros ofícios ao Ministério de Minas e Energia e a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEE).
O que chama a atenção é que a Eletrobras privatizada procura esconder as causas do apagão de energia elétrica desta terça-feira. No fundo, o que procuram esconder da população é a falta de pessoal qualificado, após a dispensa de milhares de trabalhadores experientes e a não reposição da mão de obra. Como em toda empresa pública privatizada, a Eletrobras convive hoje com falta de equipamentos adequados. A visão da atual direção da Eletrobras privatizada não é o interesse público e o bem comum e sim em como distribuir mais lucros aos acionistas em detrimento dos investimentos necessários.
A administração privada da energia não tem interesse, nem capacidade, de resolver a crise de abastecimento elétrico que se evidenciou com o apagão desta semana. A Eletrobras privatizada não tem musculatura institucional para livrar os brasileiros de novos apagões. A estatal começou a ser fatiada e vendida durante o governo Temer (2016-2018) e foi completamente privatizada durante o governo Bolsonaro.
A piora do serviço e o surgimento de novos e prolongados apagões são inevitáveis. A privatização, cada vez mais, transformará o dia a dia das pessoas num verdadeiro caos. Na maioria dos hospitais brasileiros, os geradores de energia são insuficientes para manter o sistema de atendimento a pacientes funcionando por um período mais longo. Bombas de postos de combustíveis, elevadores parados, telefonia celular inativa, televisão e luzes apagadas, isso é a privatização! E, no caos, aqueles que defenderam e promoveram o desmonte do serviço público se omitem completamente com o silêncio dos culpados.
O atual governo federal, do presidente Lula, tem pela frente o desafio de reestatizar de forma urgente a Eletrobras e assim garantir a continuidade dos serviços de fornecimento de energia elétrica. Mais do que um ato de soberania nacional, desenvolvimento, qualidade no atendimento e justiça tarifária, a reestatização da Eletrobras é o único caminho para afastar o risco iminente de novos e prolongados apagões.