Em defesa da vacina e da vida

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Valdir Avelino
Presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de Ribeirão Preto, Guatapará e Pradópolis

 

Às vésperas do Dia de Finados, em 1º de novembro de 2021, quando mais de 600 mil famílias brasileiras sofriam pela perda precoce de entes queridos para o covid-19, o Ministério do Trabalho e Previdência do Governo Federal lançou a Portaria MTP nº 620, retirando a obrigatoriedade de trabalhadores tomarem a vacina contra a covid-19 e, assim, criando um ambiente de insegurança e desproteção sanitária para todos.

As nove principais centrais sindicais do país se uniram e emitiram nota contra esta portaria do Ministério do Trabalho que proíbe empresas de exigir a imunização ou demitir trabalhadores que não tomaram a vacina contra a covid-19. “Mais do que uma distorção do entendimento sobre as regras de convívio social, essa é a nova demons­tração, por parte do governo, de total falta de sensibilidade e empatia”, informam.

O advento da vacina contra o coronavírus em tem­po recorde foi uma conquista da humanidade e apenas a vacinação de todos nos permite retomar a economia e um saudável convívio social. Diante deste quadro, é impressionante – além de muito perigoso – que ainda haja quem simplesmente se recuse a tomar uma vacina quando chega sua vez. Tal comportamento revela não apenas uma enorme irresponsabilidade, do ponto de vista individual e coletivo, mas revela também os efeitos trágicos do nega­cionismo patrocinado pelo governo federal.

Evidentemente que as situações onde há determina­ção médica, para a não vacinação, devem ser respeitadas. Ninguém defende que qualquer cidadão tenha que ser vacinado contra a orientação da própria medicina. O que não é aceitável é o comportamento negacionista de alguns cidadãos que se revela inédito na bela história do Progra­ma Nacional de Imunizações (PNI), sucesso que é reco­nhecido no mundo inteiro.

Tal negacionismo, evidentemente, decorre do crimino­so ataque perpetrado por fake news contra as vacinas em geral e à Coronavac, em particular, por razões estritamente político-ideológicas, não científicas. Até a pandemia da covid-19, nunca nenhum brasileiro havia se ocupado de questionar a origem das vacinas que recebia contra as mais diferentes doenças. A alta adesão às campanhas de vacinação é uma marca nacional.

Recusar a vacinação por capricho ou por qualquer que seja o motivo que não uma determinação médica, é, sobretudo, um desrespeito à memória de mais de meio milhão de companheiros e companheiras aos quais não foi dada a chance de receber a proteção. Do governo federal não se pode esperar uma campanha de comunicação séria estimulando a população a se vacinar, não enquanto o negacionismo e o egoísmo estiverem à frente da Presidência da República.

Resta à imprensa, à chamada comunidade científica, ao movimento sindical e popular e, mais importante, a cada cidadão, reforçar em seus círculos de influência a impor­tância da vacinação como única forma de salvar vidas em um país já abatido por demais com tantas vidas perdidas.

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