Jacira Campelo – Todo dia é dia de luta, todo dia é Dia da Mulher

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*Jacira Campelo é assistente social, secretária-geral do Sindicato dos Servidores Municipais de Ribeirão Preto, Guatapará e Pradópolis e vice-presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadores do Brasil – São Paulo (CTB-SP)

 

Chegamos mais uma vez a data que lembra conquistas e invoca celebração. Hoje, 8 de março, é o Dia Internacional da Mulher, mas acredito que ficaria bem melhor como o “Dia Internacional da Luta da Mulher”. A sugestão do acréscimo da palavra “luta” ao título não é a toa e a história prova, foi debaixo de muito sangue, suor e lágrimas que nós, mulheres, alcançamos nossas realizações econômicas, políticas, sociais e culturais. E, mais do que nunca, é importante refletir sobre cada passo não só para que as batalhas não sejam esquecidas, mas para que se lembre que ainda há muito pela frente e é importante resistir e seguir.

Desde o final dos anos 1800 em todo o mundo as mulheres têm lutado bravamente em busca da igualdade, naquela época o foco era garantir o direito ao voto e salários iguais para trabalhos iguais. Apesar do tempo passado, estas duas questões continuam a ser prioridades; a conquista do voto feminino só chegou no Brasil em 1932, mas ainda existem inúmeros percalços no caminho rumo a garantia da presença das mulheres nos espaços de poder, e a ideia de paridade salarial parece até hoje estar vivendo no século passado.

Nas últimas décadas a luta das mulheres ganhou capítulos importantes com a conquista e consolidação de direitos fundamentais, o aumento da representatividade e participação política, melhores condições de trabalho, os avanços dos direitos sexuais, reprodutivos e relacionados à diversidade e ainda ao respeito geracional. Porém esses têm sofrido abalos significativos com medidas adotadas por governos recentes, mas não desistimos.

Se engajar nessa luta é defender também o “direito de vida” de cada mulher, discutindo um regime político democrático, justo e inclusivo, que garanta a participação plena e efetiva das mulheres em postos de liderança, a presença igualitária nos processos de tomada de decisão em todos os níveis, políticos, econômicos e públicos, e ainda o fortalecimento de políticas públicas que tratem a igualdade de gênero.

Empoderar mulheres é garantir a elas direitos iguais em se tratando de recursos econômicos, além de valorizar trabalho doméstico e realizado sem qualquer remuneração, repensando a forma de divisão das responsabilidades relacionadas ao lar e ao cuidado com a família, por exemplo. Cuidar é comprometer-se a eliminar todas formas de violência e discriminação contra a mulher, trabalhando a prevenção à violência de gênero e provendo condições de proteção social àquelas que de alguma forma foram vitimadas, sobre isso a Organização das Nações Unidas (ONU) é curta e objetiva, “os serviços essenciais devem atender às necessidades das mulheres e meninas, e a justiça deve ser implacável na defesa de seus direitos”.

Fica cada vez mais claro que o 8 de março vai muito além da data no calendário, do “parabéns” e lembrancinhas, ele é fundamental para reforçar as novas posições da mulher dentro da sociedade – que não muito tempo atrás era regida somente por homens. E aqui não estamos falando da inversão de papéis. É sobre mulheres ocupando os espaços que antes não eram permitidas participar – e fazendo isso com maestria.

Para este Dia Internacional da Mulher a resistência! De mãos dadas renovaremos nosso compromisso com as causas que movem nossas vidas, a luta é por um país com propostas reais de desenvolvimento, que priorize a geração de emprego e renda, que garanta trabalhos decentes e a igualdade salarial para homens e mulheres.

Que nós usemos esse 8 de março – e todos os outros dias – para fazer soar alto o grito das mulheres em nome da resistência e proteção dos nossos direitos, em defesa da democracia, da luta pelo trabalho digno, pela proteção e atenção aos problemas que inundam e transformam as vidas femininas todos os dias. A união é fundamental e, mais do que nunca, as mulheres devem se manter firmes na luta pelos próprios direitos.

Nossa bandeira trata da independência, autonomia e liberdade de todas. Para isso se faz mais do que necessário que façamos ouvir nossa voz, munidas de confiança, nobreza e generosidade, envolvendo a todos na causa. A peleja é em busca de uma sociedade mais justa e decente para homens e mulheres, e enquanto ela não se concretizar seguiremos em luta.

A você mulher servidora – e a todas as outras – um Feliz Dia Internacional da Mulher!

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