A sala construída para o trabalho do programa de saúde da família é emprestada, toda quarta-feira, para uma ONG da comunidade. Sem espaço, os agentes comunitários ficam do lado de fora, debaixo de árvore, sem ter como trabalhar.
O Sindicato dos Servidores Municipais esteve na UBS Dr. Álvaro de Oliveira no bairro Jardim Paiva em Ribeirão Preto para apurar uma denúncia sobre a utilização das salas da unidade, recém ampliada. A informação que chegou por meio do COF- Sindical dizia que, pelo menos uma vez por semana, os agentes comunitários da saúde da família ficam sem seu local de trabalho. A diretoria confirmou o caso assim que chegou ao local. A Diretoria Atuante encontrou os agentes do lado de fora do prédio, debaixo de uma árvore, durante a visita. Segundo eles, isso sempre acontece por que a sala destinada aos agentes é emprestada para uma ONG pelo menos uma vez por semana e, com isso, eles ficam sem local para trabalhar e o jeito é esperar do lado de fora. A Organização Não Governamental é ligada a comunidade local e realiza trabalhos artesanais todas as quartas-feiras das 14:00 às 16:00.
Um dos agentes comunitários que não quis se identificar disse que a ONG faz esse trabalho na unidade há muitos anos. “Antes, quando os agentes foram transferidos pra cá, em outubro do ano passado, a ONG usava a sala duas vezes por semana, só depois de muita reclamação é que a situação mudou para uma vez por semana. Nosso trabalho fica prejudicado e as coisas acabam se acumulando, já que pelo menos um dia na semana somos impedidos de fazer nossos relatórios”. Finalizou.
Outros colegas de trabalho alertaram para um problema ainda mais preocupante. “Depois que fazemos as visitas na parte da manhã, tiramos a tarde para preencher os relatórios. Nesses documentos são registrados informações importantes e extremamente sigilosas sobre os pacientes. Acontece que essas pastas ficam em armários abertos nesta mesma sala que dividimos com a comunidade. Um absurdo! Qualquer um poderia facilmente ler nossos relatórios”, alertou a agente comunitária.
Para a Coordenadora da Seccional da Saúde, Débora Alessandra, que acompanhou a visita, a situação dos agentes também é humilhante. “É um absurdo imaginarmos que toda quarta-feira eles têm que sair da sala que foi construída justamente para o trabalho da saúde da família, e são obrigados a ficarem debaixo de uma árvore. Temos 10 agentes nessa unidade, o espaço não é suficiente nem pra eles. Não somos contra o trabalho da ONG e do envolvimento da comunidade com a unidade de saúde, isso é muito bem vindo, mas deve haver estrutura para que isso ocorra sem prejudicar o serviço público e os trabalhadores”, disse a Coordenadora.
O Sindicato cobrou explicações do gerente da unidade que não quis gravar entrevista, mas disse que a ONG realiza um trabalho importante dentro da unidade e que está ali há muitos anos. Disse também que a situação deve ser resolvida com a liberação de outra sala para onde os trabalhos artesanais serão transferidos, mas não adiantou quando isso deve acontecer de fato.
Uma vez que a denúncia enviada ao COF – Sindical foi confirmada, um relatório preparado durante a visita será entregue aos integrantes do comitê que avaliará as medidas necessárias para que não haja prejuízos em nenhum dos lados.