O ataque ao Sindicato é parte do ataque à democracia

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Valdir Avelino – presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de Ribeirão Preto, Guatapará e Pradópolis

presidencia@municipais.org.br

O que se espera de todos aqueles que se propõem à vida pública é, antes de tudo, a capacidade de ouvir críticas. Quem decide ocupar um cargo político deveria ter a grandeza de compreender que será alvo de críticas, muitas vezes duras, mas necessárias à democracia. Essa é a essência de qualquer casa legislativa no mundo: um espaço em que o confronto de ideias e as divergências fazem parte do processo democrático e fortalecem a representação popular.

Sempre acreditei – e ainda acredito – que o Legislativo é, ou pelo menos deveria ser, a casa do diálogo democrático: o espaço onde diferentes ideias se encontram, se confrontam e, ao final, produzem decisões em nome da coletividade. Justamente por isso, esperava do presidente da Câmara e do líder do governo, equilíbrio, respeito e capacidade de diálogo.

Não foi o que presenciei na sessão que aprovou a reforma administrativa do governo. Uma vez concluída a votação, seria natural que as lideranças do governo municipal na Casa adotassem uma postura serena, capaz de apresentar à sociedade os motivos da aprovação, ressaltar as qualidades do projeto e apontar como ele poderia contribuir para o futuro da cidade. Mais ainda: caberia ao líder do governo e ao presidente da Casa buscar a pacificação, estender a mão ao diálogo e mostrar que, mesmo em meio às divergências, prevalece o compromisso com Ribeirão Preto.

Infelizmente, o que presenciei foi o oposto. Ao invés de argumentos, ouvi xingamentos. Ao invés de grandeza institucional, presenciei agressões verbais de baixo calão. Ao invés de elevar o Parlamento à altura de sua função, vi o Parlamento ser apequenado. E isso dói, não só em quem trabalha diariamente servindo à população, mas em todos que acreditam que a política pode ser um instrumento de transformação social.

A vitória em uma votação não dá a ninguém o direito de humilhar os que pensam diferente, nem de insultar instituições e categorias profissionais. O papel do vereador, especialmente em funções de liderança, é buscar o equilíbrio, o respeito e a união da sociedade em torno das decisões que já foram tomadas.

A política é, acima de tudo, a arte de construir pontes. No entanto, quando o presidente da Câmara e o líder do governo escolhem o caminho dos ataques e dos xingamentos, em vez da serenidade e do diálogo, não apenas perdem a oportunidade de pacificação, mas também colocam em risco o respeito da sociedade pela instituição que representam. Acredito que Ribeirão Preto merece um Parlamento à altura da sua gente: um espaço de diálogo, de respeito e de grandeza.

Sem isso, a democracia se empobrece. Por fim, é importante destacar que o ataque ao nosso Sindicato não ocorreu de forma isolada. Ele se insere em uma conjuntura mais ampla, na qual diversas instituições da democracia brasileira vêm sendo alvo de ofensivas. Nos últimos tempos, temos assistido autoridades políticas que, em vez de cumprir o dever de defender a Constituição e promover o diálogo e a pacificação, optam por caminhos de ofensa, deslegitimação e do confronto, chegando até mesmo a atender a interesses externos. Nesse cenário, a defesa do nosso Sindicato e dos servidores públicos municipais, atingidos coletivamente, é parte inseparável da luta em favor da soberania nacional e da preservação da democracia.

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