Mobilidade engarrafada

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Valdir Avelino – presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de Ribeirão Preto, Guatapará e Pradópolis

presidencia@municipais.org.br

Um dos maiores desafios da nossa cidade é a mobilidade urbana. Afinal, é inegável que no último ano a duração média nos deslocamentos dentro do Município aumentou. Se houvesse uma pesquisa ampla, estaríamos liderando qualquer ranking entre as cidades com mais obras paradas. É claro que qualquer obra em vias públicas causa dificuldade na circulação de tráfego. Mas, em Ribeirão Preto, esses inconvenientes tornaram-se ainda mais graves, pois faltou debate, faltou discussão e faltou planejamento de determinados serviços. Além disso, convivemos com descumprimento de prazos de conclusão e até mesmo em erros de projeto (e a consequente necessidade de corrigi-los).

Mal debatidas, mal entendidas e, em alguns casos, mal projetadas, as intervenções em ruas e avenidas de Ribeirão Preto impõem um verdadeiro castigo à população, ao comércio em vias importantes e, consequentemente, à economia do nosso município. Um plano de mobilidade urbana, para dar certo, deveria contar com a participação ativa da sociedade e conter metas claras de curto, médio e longo prazo. Não vejo como as ruas e avenidas esburacadas e interditadas serão capazes de aumentar a mobilidade urbana em Ribeirão. Não é perceptível qualquer esforço para promover a diversificação e integração dos meios de transporte e controlar a poluição e emissões de gases do efeito estufa do setor de transportes. Ao contrário, o que é bem perceptível são os congestionamentos, os desvios obrigatórios, os becos sem saída, os engarrafamentos.

Não vejo o Município planejando investir em calçadas confortáveis, niveladas, sem buracos e obstáculos, para tentar favorecer os pedestres. Não vejo um esforço mais significativo em requalificar o nosso transporte público. Muitas avenidas, planejadas há décadas para o trânsito de uma quantidade determinada de carros por hora, tiveram sua capacidade de circulação reduzidas pela metade. Essa é a fórmula do congestionamento e não a solução que todos buscamos para um transporte público bom, rápido, barato, seguro e eficiente.

Eu entendo que as obras de infraestrutura, quando planejadas e debatidas, são sempre muito bem-vindas e aguardadas com expectativa pela população, em razão das melhorias que proporcionam. Mas quando não são devidamente debatidas ou planejadas, essas intervenções em vias públicas apenas prolongam o transtorno e prejuízos causados à população e a setores importantes do comércio e da economia. Me parece pouco sensato tentar resolver o grave problema do congestionamento de veículos apenas apostando na diminuição e no estreitamento de ruas e avenidas.

As ferramentas de mobilidade urbana devem ser implantadas de forma mais ampla e de maneira coordenada. Afinal, para os motoristas deixarem o carro em casa, é preciso oferecer opções melhores a eles. A administração pública não pode querer transformar o motorista num vilão e passar a persegui-lo com ameaças de multas, obstáculos, obras sem plano adequado de impacto e até falha em semáforos. Enquanto o Poder Público apostar em medidas improvisadas e isoladas, pouco iremos caminhar em relação a redução do número de congestionamentos e no alcance da mobilidade urbana que tanto queremos e precisamos.

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