Valdir Avelino – presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de Ribeirão Preto, Guatapará e Pradópolis
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A região metropolitana de São Paulo enfrenta mais uma semana de apagão que, após um temporal, interrompeu cerca de 2,1 milhões de pontos de energia. Sem luz por uma semana, a população da capital e das cidades vizinhas volta aos tempos do banho gelado, de noite à luz de velas, sem televisão, sem elevador, sem internet, sem refrigeração até mesmo para evitar a deterioração de mercadorias e medicamentos. A privatização dos serviços de energia elétrica na capital ocorreu a preço de banana, com denúncias de favorecimento à certos grupos, com prejuízos para os cofres públicos e, consequentemente, para a sociedade.
Quem se deu bem com a privatização foi uma empresa multinacional de origem italiana, a Enel, que pagou R$ 45,22 por ação da Eletropaulo, em um total de 122,79 milhões de papéis da companhia, que possuía cerca de 167,3 milhões de ações em circulação. Se a empresa estatal responsável pelo abastecimento de energia elétrica da capital não tivesse sido privatizada, São Paulo não estaria hoje totalmente no escuro. Sem o apagão da privatização, os lucros da empresa estatal aumentariam, e o dinheiro iria para o povo de São Paulo. O lucro garantido da empresa particular é extraído da falta de acesso de centenas de milhares de pessoas a uma vida digna e até à sobrevivência.
Ainda que nos próximos dias a energia volte em São Paulo, especialistas estimam que a Enel continuará promovendo verdadeiros cortes compulsórios de energia elétrica. É uma espécie de racionamento por meio de apagões constantes. O resultado da privatização em São Paulo faz com que todos na capital sintam o caos da falta de energia e a baixa qualidade dos serviços prestados – problemas que historicamente atingiam apenas a periferia da cidade e sempre foram ignorados pela grande mídia e pelos governantes. Para garantir a confiabilidade e continuidade no fornecimento de energia elétrica, é necessário investir na manutenção preventiva. A concessionária privada dos serviços de energia elétrica de São Paulo só pensa no lucro.
Evidente que a busca pelo lucro máximo faz com que a empresa privada negligencie a imprescindível manutenção das redes elétricas e não contrate trabalhadores em número suficiente para atender às exigências do serviço. Ações preventivas e estruturais só ocorrem quando empresas públicas (estatais) estão à frente do serviço prestado. O apagão na região metropolitana de São Paulo evidencia o mais redundante fracasso das privatizações.