Valdir Avelino – presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de Ribeirão Preto, Guatapará e Pradópolis
No 6º Congresso Nacional da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), a defesa da água como bem público foi colocada no centro do debate. Ao lado de sindicalistas de todo o país e de companheiros e companheiras da direção do Sindicato dos Servidores Municipais de Ribeirão Preto, Guatapará e Pradópolis, reforcei a defesa de que a água não pode ser entregue à lógica do lucro, pois trata-se de um direito humano, patrimônio do povo brasileiro e elemento estratégico para a soberania nacional.
Reforçando o nosso entendimento, dirigentes, delegados e especialistas presentes também alertaram para os riscos da privatização dos recursos hídricos e reforçaram que a água deve ser tratada como um bem público e um direito humano essencial. Afinal, ao longo da história, a água tem sido muito mais que um recurso natural: é fonte de vida, motor do desenvolvimento e elemento estratégico na construção das civilizações. Desde as margens férteis do Nilo, passando pelos impérios que floresceram na Europa junto a grandes rios, até as nações modernas que investem em vastas obras de irrigação e barragens, o controle das fontes hídricas sempre esteve no centro das disputas humanas.
Guerras foram travadas, fronteiras foram redefinidas e alianças foram firmadas em nome do acesso à água. Povos migraram em busca de rios e lagos, e grandes obras de engenharia foram erguidas para garantir o abastecimento em tempos de escassez. Nos tempos atuais, a luta pela água assume novas dimensões. A água doce, cada vez mais escassa em algumas partes do mundo, já é chamada de “ouro azul” — e, como todo recurso precioso, desperta interesses estratégicos e a cobiça de grupos privados, muitos deles, estrangeiros.
Assim, a história da humanidade continua ligada ao destino de seus rios, lagos e aquíferos. Nosso sindicato reforçou para todo o país uma preocupação do movimento sindical mais avançado: os perigos da privatização dos serviços de água, como aumento de tarifas, exclusão das comunidades mais pobres, exploração predatória e perda do controle sobre um recurso vital. Onde a água foi privatizada, os resultados foram claros — contas mais caras, serviços precários e degradação ambiental. Manter a gestão estatal significa garantir acesso universal, preços justos, preservação das fontes e planejamento sustentável para as próximas gerações. É o Estado, e não o mercado, que deve cuidar de um bem tão precioso. Proteger, preservar e garantir o acesso justo e seguro à água não é apenas uma questão ambiental, mas um imperativo de soberania, justiça social e paz entre os povos.
