Em entrevista coletiva realizada na tarde desta quarta-feira, após uma liminar desfavorável da Justiça, a direção do Daerp relatou um conjunto de dificuldades operacionais, técnicas e estruturais para garantir o abastecimento de água no conjunto da cidade. Na coletiva, a direção do Daerp não insistiu na argumentação jurídica que utilizou durante a defesa na Ação Civil Pública, com muita repercussão na mídia, segundo a qual a falta de água em Ribeirão Preto, poderia ser em parte atribuída a boicote de servidores. Embora haja uma sensível diferença entre os argumentos utilizados anteriormente na defesa judicial e logo depois na entrevista coletiva, o recuo da direção do Daerp não pode se limitar às palavras. É preciso recuar também nos gestos.
Os servidores públicos municipais do Daerp sempre pautaram suas vidas e seu trabalho pela correção, retidão e respeito à coisa pública. Se houve, em algum momento, falta de correção, de retidão e de respeito à coisa pública no Daerp, não foi pela falta de integridade dos seus servidores. A atual direção do Daerp, a quem foi confiada a responsabilidade de dirigir a autarquia num momento de profunda crise de distribuição de água e de falta de investimentos estruturais, consciente dos desafios que tem pela frente, não poderá responder as suas incumbências agredindo gratuitamente e genericamente os servidores.
Ao contrário. Dar prioridade ao reforço da segurança hídrica implica inescapavelmente a valorização, ao respeito e ao entendimento com os servidores do próprio Daerp. Não é com raiva, acusações ou ressentimento contra os seus servidores que o Daerp encontrará uma plataforma para superar a dura experiência da falta de água na rede. Obras emergenciais e cotidianas para aumentar a oferta de água e a flexibilidade operacional do sistema não ocorrerão sem o insubstituível esforço, a lealdade, a noção do bem comum e o respeito ao bem público que caracterizam os servidores do Daerp.
Parcela significativa da população – e até mesmo dos formadores de opinião – reconhece a dedicação, a capacidade, a prontidão e o esforço dos servidores do Daerp. É preciso que esse esforço também seja respeitado e valorizado por parte da Administração. A resposta diante da crise hídrica, de distribuição e de abastecimento deve ser conduzida com base na firme crença de que as questões entre os servidores e a direção do Daerp devem ser solucionadas pelo diálogo e pela construção de espaços de entendimento.
Ao contrário da pregação irresponsável feita pelos que exercitam o confronto e apostam no caos para enfraquecer ainda mais o Daerp, o Sindicato dos Servidores teve a coragem em empenhar-se no mais difícil: a busca de soluções paras os litígios no ambiente de trabalho. Mas o Sindicato não conquistará nada sozinho. A mobilização e o espírito de luta da nossa categoria farão com que as negociações evoluam de forma efetiva e civilizada. Mas é preciso que esse esforço para melhorar e pacificar o ambiente de trabalho se integre ao conjunto de medidas que a própria direção do Daerp precisa adotar para revitalizar e modernizar a autarquia, respeitando e valorizando os seus servidores.
Ribeirão Preto, 5 de outubro de 2017.
Sindicato dos Servidores Municipais de Ribeirão Preto, Guatapará e Pradópolis