A chefia que responde diretamente pelos Agentes de Combate as Endemias está desrespeitando o acordo firmado com o Sindicato dos Servidores na data-base deste ano e continua obrigando os trabalhadores a realizar o serviço de nebulização (aplicação de veneno) no período da tarde com temperaturas altíssimas, prejudicando a categoria e colocando em risco a eficácia do trabalho.
O acordo que suspende os trabalhos de nebulização foi firmado na data-base deste ano. Desde então, inúmeras reuniões foram realizadas com o secretário da Saúde Dr. Stênio Miranda e com a chefia de Combate a Endemias. No último encontro, realizado no dia 1º de setembro, ficou definido que a nebulização seria feita apenas no período da manhã, quando a temperatura está mais baixa e a eficácia do veneno é maior. Porém, na tarde desta quarta-feira, dia 16, o Sindicato dos Servidores foi acionado por trabalhadores da região oeste que foram obrigados a sair para campo. No momento em que os diretores da entidade que representa os servidores estiveram no local, por volta das 14:30, sites que fazem o acompanhamento da meteorologia registravam uma temperatura de 36 graus em Ribeirão Preto e a umidade relativa do ar estava em 19%.
“Existe um acordo desde a data-base, mas ainda insistem em colocar a saúde dos trabalhadores em risco. Assim como prejudica os servidores, o trabalho em condições extremas de calor também compromete o serviço, pois o veneno tem sua eficácia reduzida. Na última reunião ficou tudo acertado, faltando apenas a publicação da resolução. Não podemos colocar fatos burocráticos à frente da saúde dos servidores”, afirma o coordenador da Seccional dos Agentes de Combate de Endemias, Rildo Batista Pinas.
“Tivemos a reunião com os Secretários da Saúde e de Governo, Dr. Stênio Miranda e Marcus Berzoti, no início do mês e tudo foi acertado. Agora, 15 dias depois, a chefia do local desrespeita o acordo e obriga os servidores a saírem a campo com um sol muito forte e com a temperatura em 36 graus. É um absurdo. Se a chefia não gosta e não se preocupa com a saúde dos servidores, nós nos preocupamos e não vamos aceitar que chefe algum passe por cima do que está acordado. Se continuar dessa forma, vamos propor a paralisação dos serviços, sempre que a chefia tentar obrigar colocar os servidores para fazer a nebulização no período da tarde”, revela a coordenadora da Seccional da Saúde, Débora Alessandra.
Sem exames
Outra denúncia feita pelos Agentes de Combate a Endemias é de que os trabalhadores não estão fazendo o exame colinesterase (que deveria ser feito rotineiramente). O teste de colinesterase serve para detectar envenenamento por algum produto tóxico como pesticidas, herbicidas ou adubos. Este teste é feito principalmente por trabalhadores que ficam em contato direto com estes produtos.
“Eu estou há três anos sem fazer o exame de colinesterase. Alguns servidores estão pagando do próprio bolso para fazer o exame. Tem mais um detalhe, quando a gente faz o exame, nós não ficamos sabendo do resultado. Quem garante que está dentro da normalidade para que continuemos exercendo a função? São detalhes que envolvem a saúde do trabalhador e que deveriam ser respeitados”, finaliza Rildo.
Gaspar Marcelino, Diretor do Departamento de Segurança e Medicina do Trabalho do Sindicato verifica se os equipamentos usados pelos servidores estão de acordo com as normas de segurança