Cidadania e inclusão digital

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Valdir Avelino – presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de Ribeirão Preto, Guatapará e Pradópolis – presidencia@municipais.org.br

Dados da Pesquisa de Informações Básicas Municipais (Munic) e da Pesquisa de Informações Básicas Estaduais (Estadic), divulgadas pelo IBGE, revelam que os municípios e os estados brasileiros ampliaram os serviços oferecidos ao cidadão pela internet, resultado da maior presença online dos governos. Inúmeras leis federais, de observação obriga­tória pelos Municípios, também reforçam a importância de se criar canais de diálogo com a população, seja para colher opiniões, sugestões ou mesmo facilitar o dia a dia dos mora­dores a partir da digitalização do governo, hoje obrigatória para municípios de todos os tamanhos.

Em Ribeirão Preto, a atenção do governo para a exclusão digital de grande parcela da sociedade, infelizmente, ainda é muito baixa. Para que a ideia do governo digital funcione, seria fundamental reduzir o enorme contingente de ribei­rão-pretanos excluídos da vida digital. O contrário significa aceitar que milhares de pessoas em nossa cidade vivam à margem da plena cidadania. A falta de acesso estável à internet em Ribeirão Preto é mais um reflexo da brutal desi­gualdade socioeconômica que separa os munícipes de uma forma tão avassaladora que os fazem parecer moradores de mundos distintos.

No processo de adaptação para a incessante evolução das tecnologias, além das dificuldades naturais impostas pela própria mudança, muitas pessoas ficam para trás porque simplesmente não têm meios e/ou preparação adequada para o acesso e o uso de serviços governamentais. O que veio para possibilitar aos cidadãos maior comodidade e conveniência, por conta da exclusão tecnológica e digital, não atendeu a estratégia de modernização do governo e nem melhorou a oferta de serviços públicos à considerável parcela da sociedade.

Além disso, no sistema digital criado pelo governo em Ribeirão Preto, a ausência de identificação única do cida­dão ocasiona uma multiplicidade de cadastros de usuários, dificulta completamente a integração entre os sistemas e, muitas vezes, obriga o cidadão a promover a entrega de informações e documentos já de posse da Administração Pública. Em parte dos serviços públicos, a digitalização não diminuiu o tempo de espera na prestação de serviços para os cidadãos. O governo, até o momento, não promoveu uma única reunião ou encontro para debater de forma ampla, com a presença da sociedade civil, as iniciativas de uso de tecnologias, metodologias e processos no serviço público municipal de nossa cidade.

À frente do Sindicato dos Servidores Municipais/RPGP, em conjunto com nossa diretoria e atendendo a uma com­preensão e um anseio da nossa categoria, defendemos que o serviço público municipal seja valorizado e ampliado também no âmbito digital, para que o cidadão efetivamente tenha sua jornada de vida atendida de forma online. Se o governo demonstrar, de fato, a disposição de reunir espe­cialistas do setor e os representantes da sociedade civil para promover debates e troca de experiências sobre iniciati­vas de uso de tecnologias, metodologias e processos para melhorar o serviço público municipal, nossa entidade estará sempre disposta a contribuir com o Município na identifica­ção, construção e implantação de soluções inovadoras para a inclusão digital de toda a nossa sociedade.

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