Por Valdir Avelino – Presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de Ribeirão Preto, Guatapará e Pradópolis
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Tsunamis, terremotos, tornados, enchentes, secas, ondas de calor e de frio. Esse quadro de mudanças climáticas corresponde a uma realidade prevista, insistentemente, por cientistas e ambientalistas de várias partes do mundo e impactam diretamente sobre a vida e a saúde das pessoas e do planeta. Neste cenário, o Brasil voltou a registrar altas temperaturas em razão de uma nova onda de calor.
O resultado disso é que o “forno” que tomou conta da maior parte da região de Ribeirão Preto neste início de semana apenas começou a esquentar. Nos próximos dias, uma violenta onda de calor centrada entre o Sudeste e parte do Centro-Oeste vai provocar temperaturas máximas absurdamente altas em todas as cidades da nossa região, onde dezenas de milhares de pessoas vão enfrentar um calor como jamais passaram.
Em cidades do Estado de São Paulo, por exemplo, os termômetros podem chegar a 36ºC, e há previsão de que as máximas atinjam 40ºC. O evento climático extremo fez o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitir alertas de “perigo” e “grande perigo” para regiões do Sudeste, Sul e Centro-Oeste. Uma onda de calor é caracterizada quando a temperatura fica 5ºC acima da média.
Ribeirão Preto e as cidades vizinhas possuem alto grau de vulnerabilidade aos impactos das mudanças climáticas sobre a saúde da população, em especial, dos nossos trabalhadores, dadas suas características geográficas, seu território, sua grande população e seus problemas estruturais e sociais. Os trabalhadores do serviço público da nossa cidade e região estão expostos a ondas de calor por períodos mais longos em comparação com outras profissões.
Espera-se que essa vulnerabilidade seja enfrentada com ousadia e medidas efetivas por parte dos governos locais à medida que as temperaturas aumentem. A direção do Sindicato dos Servidores Municipais de Ribeirão Preto, Guatapará e Pradópolis cobra e espera que os atuais gestores dos municípios por nós representados adotem, imediatamente, um plano de contingência para garantir refrigeração acessível e eficiente, além de conforto térmico a todos os nossos trabalhadores. Além disso, precisamos aumentar a conscientização sobre os perigos do calor excessivo.
Como o aumento das temperaturas pode gerar variadas reações no corpo, é preciso uma orientação clara, eficiente e pedagógica por parte dos governos a respeito dos sinais do estresse térmico. Para além das queimaduras, não podemos esquecer que a insolação pode acontecer, inclusive, na sombra, com possíveis alterações no metabolismo, como a interferência na pressão arterial e descompensação cardiovascular, além de ressecamento de olhos e pele, e irritações em casos de baixa umidade do ar.
Estamos dialogando e demonstrando aos governos municipais que uma onda de calor é bem mais que um dia quente: é um período com temperaturas 5ºC acima da média. A ideia é que o plano de contingência traga ações imediatas como a oferta de bebedouros públicos e a instalação de ar-condicionado em locais de trabalho e atendimento público, com ampla oferta de água potável, boné, frutas e instalações sanitárias necessárias. O plano de contingência que estamos cobrando deve prever que as altas temperaturas e a medição da sensação térmica passem a ser levadas em conta para a mudança dos estágios operacionais das nossas cidades, a fim proteger a saúde, o bem-estar e a vida dos nossos trabalhadores.